Um brinde ao futuro Catarina Pinto 29/08/2023

Um brinde ao futuro

Há alguns anos atrás, o George Allen partilhou com a América “Quando chegarmos ao futuro, eu vou determinar o meu futuro”. O homem que anteriormente tinha servido o estado da Virgínia fez com que toda a gente acreditasse nele. O que é que ele iria fazer para determinar o seu futuro? Ninguém sabia, mas a força da sua frase fez com que toda a gente se sentasse e esperasse pelo dia em que ele iria provar a todos que estava correto.

Não sei o que é que ele pensou antes de partilhar esta frase com o Mundo inteiro, mas gosto de acreditar que antes desta revelação, a única coisa que lhe passou pela mente foi a de que a última coisa que o Mundo necessita é medo. Medo da mudança. Medo da diferença. Medo de arrependimentos. Medo de decisões. Medo do medo. Uma mulher que se recusa a casar porque ela quer alcançar algo maior do que o casamento. Um homem de negócios que recusa uma promoção porque quer procurar por um trabalho que lhe traga alegria. Um soldado que se recusa a desistir porque sabe que o seu País merece o sangue e lágrimas que caem derramados no chão.

Não sei quanto tempo é que ele demorou a perceber que não se pode determinar o futuro. Talvez um dia. Duas semanas. Três meses. O tempo ilimitado até perceber que não podemos adivinhar o futuro que estamos prestes a viver. A verdade é que podemos fazer todo o tipo de planos. Casar aos 30, ter três filhos – dois rapazes e uma rapariga – envelhecer numa vila pequena e adorável. No fim, o que veremos é que todos estes pensamentos voam como o vento, sem os conseguirmos agarrar. O casamento passa para segundo plano porque acabamos de ser promovidos no trabalho para um cargo que nunca tínhamos imaginado antes. O plano de ter três filhos passa rapidamente para apenas uma criança, e, mesmo essa, é cuidadosamente planeada para não interferir com o trabalho ou vida social.

Não podemos fingir que ninguém nos avisou. Já ouvimos todo o tipo de provérbios e frases filosóficas que nos dizem que nunca conseguiremos adivinhar o nosso futuro. Ouvimos até experiências de pessoas que passaram por isso. E um dia veremos nós mesmos isso a acontecer. Seria de pensar que isto nos faria ter os pés assentes na terra e não sonhar com o futuro, certo? Mas à medida que os dias passam, continuamos a tentar construir o nosso futuro, peça-a-peça. Continuamos a fazer planos e a esperar que eles se concretizem para que possamos ser tão felizes quanto idealizamos. Porque nós gostamos da forma como esta palavra de seis letras nos soa: futuro. A esperança para um novo dia. A esperança para uma mudança. A esperança de que um dia possamos perceber o que significam todos os provérbios que ouvíamos em pequenos. A esperança de que finalmente consigamos perceber o que é que o Gorge Allen queria realmente dizer.

Por isso, um brinde a dias futuros.

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